Drones: o futuro da guerra A invasão russa da Ucrânia em 2022 deu início a um conflito que marcará a história da guerra moderna.

A invasão russa da Ucrânia em 2022 deu início a um conflito que marcará a história da guerra moderna.

Pela primeira vez vemos o uso em larga escala de drones e outras tecnologias emergentes, que antes eram restritas a poucos países com orçamentos militares astronômicos.

As inovações bélicas sempre existiram, é claro. O caça furtivo F-117 foi revolucionário nos anos 80 por burlar radares inimigos. Porém, seu custo de produção exorbitante limitava o acesso. Agora isso se repete com drones, que custavam dezenas de milhões de dólares pouco menos de 10 anos atrás, agora custam alguns poucos milhares de dolares, passando a ser tratados como material descartável.

Vamos falar em números. A índia estava por fechar, recentemente, a compra de 18 drones tradicionais, daqueles que vemos em filmes de guerra, o Predator, ao custo de US$ 100 milhões por drone, já a Ucrânia fechou com a Austrália a compra de 100 drones de papelão por mês, ao custo de cerca de US$ 3,5 mil por unidade. Claro, é preciso pôr em proporção as tecnologias, os Predators tem longo alcance, e fins que vão além do ataque, mas o fato de ser possível comprar 28.500 drones de papelão ao custo de 1 Predator, não é algo que se possa ignorar.

Não resta dúvida de que o uso de drones ?até mesmo modelos civis? na Guerra da Ucrânia vai mudar para sempre a forma como guerras ocorrem, com impactos profundos na geopolítica global. Sua capacidade de vigilância em tempo real é revolucionária.

Os modelos maiores já realizavam missões de reconhecimento, mas os drones menores multiplicam essa função com custo baixíssimo. Novas formas de se utilizar os modelos menores surgem a cada mês (ou semana?).

Modificados para transportar pequenas cargas explosivas de até 5Kg, transformam-se lançadores de granadas ou até mesmo em mísseis teleguiados de precisão cirúrgica. Seu tamanho reduzido e modelos de material leve como papelão lhes conferem bom alcance e discrição. Revestidos para absorver ondas de radar, voam em modo furtivo, indetectáveis.

A capacidade de operar em enxames é outro trunfo. Múltiplos drones podem ser lançados coordenadamente contra alvos estratégicos, saturando defesas antiaéreas. Ou então, servem de iscas para distrair a atenção e os recursos inimigos. Em ambos os casos, o baixo custo individual permite o sacrifício de unidades sem prejuízo significativo.

Essas novas possibilidades serão potencializadas pela inteligência artificial. Drones autônomos, capazes de tomar decisões sem intervenção humana, trarão velocidade e precisão superiores às missões remotamente pilotadas. E seu comportamento em enxame, graças aos algoritmos, alcançará níveis de sofisticação impensáveis.

Essa proliferação tecnológica tem consequências importantes. Uma delas é o estímulo à pesquisa de contramedidas. Assim como o F-117 forçou adversários a aprimorarem seus sistemas de detecção, os drones baratos estimularão o desenvolvimento de tecnologias para neutralizá-los. É uma corrida armamentista high-tech, impulsionada pela inovação contínua.

Fica evidente que os pequenos drones revolucionários, como os adquiridos pela Ucrânia, tendem a obter sucesso em diversas funções militares no futuro próximo. Sua versatilidade, aliada ao preço acessível e facilidade de uso, os torna instrumentos valiosos para qualquer força armada, mesmo com orçamento limitado. Esta é a nova face da guerra que se vislumbra: rápida, discreta e letal.

Ficha técnica dos drones:

  • Nome: Corvo Precision Payload Delivery System (PPDS)
  • Fabricante: empresa australiana Sypaq
  • Material: papelão encerado
  • Envergadura: 2 metros
  • Carga útil: 5 kg
  • Alcance: 120 km
  • Velocidade de cruzeiro: 60 km/h
  • Custo estimado: US$ 3.500 (aprox. R$ 17,5 mil em setembro de 2023)
  • Embalagem: 510mm x 760mm quando desmontado
  • Lançamento: por catapulta ou manualmente

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